Artigo: Coronavírus e os residenciais geriátricos

Um enorme desafio foi lançado aos gestores das instituições de longa permanência para idosos (ILPIs): impedir que o novo Coronavírus chegue. Estudos mostram que os idosos são a população mais vulnerável à doença, com elevadas taxas de mortalidade. Por outro lado, os mais jovens e adultos têm ocupado significativamente os leitos hospitalares. Isso ocasiona o que já se viu, por exemplo, na Itália: a difícil decisão de quem deve viver e quem deve morrer pela falta de respiradores. É um quadro que exige atenção e medidas preventivas voltadas às ILPIs, a fim de evitar hospitalizações.

Os problemas são muitos. Somente em Porto Alegre, estima-se em torno de 400 residenciais geriátricos – o que inclui aqueles que cumprem todos os requisitos para funcionamento, até as clandestinas, que são alvos frequentes de ações policiais. Os locais mais bem equipados têm trabalhado diuturnamente para oferecer, além dos cuidados ordinários, medidas extras de proteção para seu público.

O Núcleo de Residenciais Geriátricos do SINDIHOSPA – Moderna Idade vem assessorando seus 17 associados. Juntos, totalizam quase 500 idosos e mais de 300 colaboradores. Foram criados protocolos e realizados debates para aprimorar o atendimento e manter a doença longe dos idosos. No entanto, algo essencial ainda não está disponível: a testagem dos trabalhadores das ILPIs, medida de extrema necessidade para, efetivamente, afastar a Covid-19 das clínicas.

Enfrentamos recentemente a primeira onda de frio do ano e o inverno se aproxima. Com a estação, vêm suas doenças típicas. Como saber se um profissional tem um simples resfriado ou está contaminado pelo Coronavírus? Como afastar os trabalhadores, tão fundamentais aos idosos, neste momento, sem a certeza do que lhe acomete?

Portanto, é urgente que o Poder Público crie políticas e instrumentos para facilitar a testagem dos profissionais dos residenciais geriátricos. Temos de tomar todas as ações que mantenham o coronavírus distante desses locais, onde sua disseminação seria trágica. Será uma medida de segurança para os idosos e colaboradores, evitando ainda que o sistema de saúde fique sobrecarregado.

Marcos Cunha, coordenador do Núcleo de Residenciais Geriátricos do SINDIHOSPA (Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre)

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