Uma série de fatores influenciam no estado nutricional do idoso, necessitando de uma investigação detalhada de uma série de fatores para uma adequada intervenção nutricional. Mudanças fisiológicas, patologias e questões individuais que ocorrem no processo de envelhecimento interferem no perfil nutricional de cada indivíduo. Logo, as necessidades nutricionais devem ser individualizadas, levando em consideração fatores como o estado de saúde, prática ou não de atividade física, eficiência na mastigação, capacidade digestiva e de absorção de nutrientes, metabolismo, modificações no sistema endócrino, estado emocional e biodisponibilidade de nutrientes.
De uma maneira geral, os idosos necessitam de menos energia do que a população jovem. Seu metabolismo é mais lento, uma consequência de sua composição corporal alterada, onde ocorre uma diminuição da massa muscular e aumento do tecido adiposo. Estima-se que 30kcal/kg/dia supram as suas necessidades energéticas.
Para casos onde houve algum trauma, como cirurgias ou infecções, os valores de determinados nutrientes podem ter que aumentar de 1,5 a 3 vezes, comparado com o normal.
Para a população idosa em geral, os carboidratos devem compor em média 60% das necessidades de energia diárias. É importante que sejam em sua maior parte complexos e ricos em fibras, desta forma conseguimos reduzir as chances de doenças cardiovasculares, constipação intestinal, câncer de cólon e diabetes. O açúcar deve ser restringido, afim de evitar a diminuição da tolerância a glicose e um possível desenvolvimento de Diabetes Mellitus.
Já as proteínas, assim como para indivíduos jovens, deve compor 15% da necessidade energética diária, em torno de 0,8g por kg de peso corporal ao dia.
As gorduras devem somar 25% das necessidades energéticas. A quantidade ingerida de gorduras deve ser controlada, devido a sua associação com doenças cardiovasculares e câncer. Porém, a ingestão de gordura dentro do indicado está associada a redução de índices de anorexia, além de tornar o alimento mais palatável.
A qualidade da gordura ingerida deve ser observada. A gordura saturada, presente na carne vermelha, manteiga, alguns tipos de queijos, entre outros, deve ser substituída pela insaturada, rica em ácidos graxos poli-insaturados e encontrada no azeite, peixes, linhaça, etc.
A ingestão de vitaminas e minerais só irá se diferenciar das demais faixas etárias da população caso o idoso apresente o nível de algum micronutriente abaixo do ideal. Nestes casos, suplementos e/ou alterações na dieta são indicados.
Alguns micronutrientes devem receber atenção especial, por sua função no processo de envelhecimento, entre eles o cálcio, para osteoporose, o zinco, para a melhora do sistema imune, o selênio e as vitaminas C e E, por seus efeitos antioxidantes.
A ingestão de líquido não deve ser inferior a 30ml por kg de peso corporal, evitando assim a desidratação, que causa desequilíbrio das funções do organismo, aumenta a pressão arterial, provoca ressecamento das mucosas, redução da evacuação e excreção da urina e, por fim, pode causar confusão mental.
Os hábitos alimentares são parte fundamental para assegurarmos a qualidade de vida do idoso. A alimentação correta pode aumentar a capacidade funcional e diminuir a ocorrência de doenças.
Portanto, a identificação de possíveis riscos ou de erros alimentares por profissionais da saúde, assim como a orientação nutricional adequada, adaptada as particularidades de cada indivíduo, devem ser permanentes.
Ana Lúcia Pontello
nutricionista do residencial Solar Anita